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6.5.09

Reconstruir a base do tridente

Depois de ter a certeza que este acer estava a reagir bem à raspagem feita no workshop do Milenar, chega a altura de executar a segunda operação de fundo do projecto: a reconstrução da base. Para ter uma boa árvore mais à frente, esta intervenção era obrigatória. O nebari que trazia quando a adquiri, apesar de interessante, desenvolvia-se muito na vertical. Como tinha a máquina fotográfica à mão, aqui fica então a reportagem do alporque na base do acer.

Primeiro reunir o material necessário.
Alicate para cortar alguma raiz que esteja a mais, cunha para posicionar a árvore correctamente e assim fazer os cortes perpendiculares, laminas afiadas e pulverizador com água, convém garantir o mínimo de desidratação.
De seguida os cortes. Convém que estes sejam certos e limpos. Deve-se tirar tudo até ao cambio e em altura suficiente. Atenção para não tocar com as mãos na área limpa. Pode prejudicar o enraizamento.
A secção da base foi aberta em todo o seu perímetro. Existem outras técnicas, deixando "faixas" de ligação entre as raízes antigas e o tronco, mas no caso do tridente, que tem um metabolismo rápido, os anéis completos e largos evitam que as feridas fechem antes do tempo.
Posteriormente, foi construída uma parede de rede. Aqui, o efeito pretendido é idêntico ao dos "escorredores".
O substrato utilizado é uma mistura de 50% acadama 50% vulcânica. Independentemente das propriedades das matérias utilizadas (comigo a vulcânica resulta bem nos enraizamentos), a principal característica é serem de granulometria grande, dando, em conjunto com a rede, oxigénio e espaço. Deve-se ter em atenção, ao usar estas características mais drenantes, à vigilância entre os períodos de rega.
Na superfície do solo foi por fim colocado musgo sphagnum. Para além de ajudar a proteger as jovens raízes da desidratação, contem, segundo alguns autores, propriedades que potenciam o enraizamento.
Por fim, foi feita uma defoliação quase total, deixando apenas os jovens rebentos. A intenção é garantir alguma actividade que ajude a puxar o futuro nebari.

2 comentários:

Mariana disse...

Excelente reportagem!

Não tenho experiência com os Acer, e tenho feito poucos enraízamentos aéreos (ou alporquias), mas os que fiz (macieira, que fechou antes do tempo, buganvília, que resultou inicialmente mas depois "finaram-se" os filhotes, e ginkgo biloba, que resultou e ainda está a estabilizar) dão-me a entender que é muito importante, 1º, deixar as raízes iniciais crescerem bem antes de se "abrir" a alporquia e, 2º, vigiar bem o projecto durante o 1º ano de estabilização.

Se os aneis de corte foram completos e bem espaçados, como aparenta nas fotos que publicaste, tens grande hipótese de resultar!

João Pires disse...

Olá Mariana,

Obrigado pelo comentário.
Estou optimista com este projecto. As novas raizes já espreitam na rede. Muitas (o Gustavo já viu). A não ser que tenham vindo umas "malucas" lá do fundo da caixa cá para cima, eu diria que a operação vai resultar. Na primavera, se tudo correr bem, passa para um vaso.