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13.1.11

The Crane

Este crataegus já está a ser trabalhado por mim há mais ou menos 2 anos (é só clicar na etiqueta espinheiro para ler mais para trás). Foi um dos primeiros yamadori que adquiri. Na altura, como qualquer iniciado, fiquei bastante impressionado com o ar "selvagem" do exemplar. O tamanho, a casca e até mesmo a espécie (penso que na altura nunca tinha visto nenhum assim ao vivo...heheh). Mas, não dei a devida importância à característica mais dominante do exemplar: o tronco recto. Sem resolver esse "pequeno pormenor" dificilmente se conseguiria chegar a algum lado. Durante esses 2 anos a árvore esteve basicamente a crescer, com pequenas intervenções, mas principalmente a crescer. Foi o tempo de ganhar vigor e engrossar os ramos. E isso, permitiu-me neste inverno dar o "grande passo" na sua estilização. Decidir, de uma vez por todas, "para onde é que a árvore vai". Por isso, depois de cair a folha (nos espinheiros, trabalhar sem a folha é um pouco mais fácil... a sessão de acupunctura é mais suave...lol) foi altura de deitar mãos à obra.
Nada como começar a tentar resolver o seu maior defeito. O tronco recto. Nos crataegus, como na maioria das caducas, a madeira tem tendência a apodrecer, por isso, nada de jin e shari. A opção foi começar a abrir o interior do tronco, um sabamiki. Com esta operação tenta-se dar algum movimento e conicidade. Depois, mais 2 pequenos uru, aproveitando velhas cicatrizes mal fechadas do tempo da recolha. Visualmente cria-se a ilusão de profundidade e pormenor. Os olhos têm mais "coisas para comer" do que um simples tronco recto. Este trabalho de madeira morta está longe de estar terminado. para já foi só feita a primeira modulação. No futuro, o tronco será ainda mais escavado e alguns detalhes serão acrescentados.
Com o desenho da madeira morta "lançado", uma nova árvore começou a nascer. Os espinheiros na natureza, apesar de caducas, não são muito de "copa redonda". São mais "arbustivos", mais "um ramo aqui outro ali"...lol. Por isso o novo desenho é também ele mais "quebrado". O tronco sai para a esquerda, encontra o primeiro ramo também sobre a esquerda e depois, todo o conjunto se lança sobre a direita. É também uma árvore mais alta, com o ápice mais lançado para cima. Claro que agora falta voltar a encher e ramificar, principalmente na profundidade e no topo. Mas temos tempo;)

Foto: Janeiro de 2011 (nova estilização)

Foto: Janeiro de 2011 (antes da estilização)

2 comentários:

Mário Eusébio disse...

Viva João!

Gostei do rumo que estás a dar ao espinheiro!

Não te esqueças de proteger a zona limite do sabamiki com pasta cicatrizante, pois tenho reparado que os espinheiro fazem muito retrocesso se não forem selados os cortes.

Parabéns!

Mário Eusébio

João Pires disse...

Olá Mário,

Obrigado pelas palavras e pelo conselho ;) Na verdade, nunca tive esse problema com este espinheiro... a madeira morta sempre foi trabalhada por esta altura e nunca deu problema. Talvez, até aqui, tenha sido sorte... Mas não custa nada prevenir;)

Abr.
João Pires