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1.8.11

2nd Round

Um destes dias, dei por mim a pensar que cada vez mais gosto mais da "segunda volta" na estilização das árvores (pelo menos nas coníferas). Se a primeira abordagem é de grandes decisões... o que é que sai, o que é que fica, o que é que vai ter que ficar pelo menos por agora... lol, acaba por ser também, na maioria das vezes, um esboço, um rascunho, uma espécie de ante-estreia, um "no futuro a coisa será mais ou menos assim". Não quero dizer com isto que não goste desse momento. Antes pelo contrário ;) Adoro. É a primeira pincelada na tela em branco. É o começo do caminho.
Mas a segunda estilização, sendo diferente, também tem muito de especial. Voltar a olhar, descobrir novas possibilidades. Quando a árvore responde bem, tudo está mais controlado. Mal comparando, é a diferença do dia em que um treinador pega num cavalo selvagem, para o dia em que se senta no seu dorso e o começa a dominar. Os dois já se conhecem bem. A confiança é estabelecida.
Tudo isto, a propósito deste juniperus chinensis. Foi estilizado pela primeira vez no II Congresso da FPB, em Novembro passado. Na altura foram tomadas as decisões de fundo no sentido de encontrar uma imagem aproximada do que poderia dar esta árvore. Uma meia-cascata longa para a direita. Aqui está ela  uns dias depois:

Novembro 2010
Desde essa data, ficou a recuperar e a crescer. Na no inicio da Primavera vieram as agulhas de stress, mas como não se exagerou na limpeza de massa verde na primeira intervenção, rapidamente voltaram as pontas de escamas cheias de vigor:


Como se pode ver pela primeira imagem, na altura da primeira estilização foram deixados muitos ramos a mais. A vegetação era muito longa e só assim foi possível encontrar uma imagem minimamente agradável sem tiram muita energia à árvore. Agora, foi altura de começar a eliminar esses mesmos ramos para substituir por outros:


Depois da limpeza de massa verde, já se pode ver o resultado do trabalho começado no fim do ano passado: Vegetação muito mais compacta.


Agora, as possibilidades começam a ser muito mais interessantes... Depois de aramar (desta vez com a calma que não existe numa demonstração... lol) o resultado deste 2nd Round foi este:

Julho 2011 - Frente

Julho 2011 - Lateral

5 comentários:

Carpácio disse...

Olá João,

Gostei da estilização desta árvore, deu mais um passo no seu percurso. Questão, ao que me pareceu não aramas-te os ramos "verdes" que tornas-te em Jin por alguma razão especifica?

Questiono isto pois estando verdes tens aqui uma boa oportunidade para os aramares e dar-lhes movimento o que certamente trará mais dinamismo à árvore. Eu pessoalmente puxaria os para baixo para aparecerem ali na zona inferior da árvore, acho que poderia ser um detalhe interessante.

Depois de aramados e secos, logo trabalhas a madeira morta acrescentando textura, mas certamente irias ganhar na forma :)

Abraço,
David

Daniel Silva disse...

Eu também não estava à espera daqueles Jin :)

João Pires disse...

Olá amigos,
Obrigado pelos comentários ;)

David,
A maioria dos Jin são bastante curtos... e mais curtos serão no futuro... Senão seria uma grande confusão de Jin a sair do mesmo sítio... lol. Mas de facto há um ou outro que podem ser aramados para uma posição diferente, nomeadamente aquele que sai para trás. Olha, vou ver se dá para aramar fazendo o efeito que referes.

Daniel,
Pois... Tinha mesmo que cortar muita coisa... dá muitos jin de facto ;)

Abr.
João Pires

Rodrigo Sousa disse...

Viva João.

Gostei bastante deste "post".

Focas um assunto que raramente é focado e que partilho por inteiro a tua ideia.
Normalmente aparece o 1º trabalho ,o desenho nesse trabalho e a árvore passados 10 ou 15 anos formada.Mas nesse intervalo há os tais ajustes os tais angulos que se mostram,o tal desenvolvimento de uma rama que abre um caminho interessante.
Um trabalho vivo!


A unica coisa que não partilho da mesma opinião contigo é a aplicação apenas às coniferas,penso que talvez seja aplicavel também ás plantas folhosas,de uma maneira completamente diferente mas na mesma numa 1ª poda tem-se um esboço mental do que queremos no futuro,e muitas vezes com o evoluir da árvore vai-se ajustando,alterando,etc..O próprio desenvolvimento da planta vai mostrando novos caminhos e guiando o trabalho sem perder o que já foi realizado e sem estar "agarrado" à teimosia de um desenho feito num trabalho anterior.

Vai mostrando a evolução deste Juniperos em "tempo real" que é interessantissimo de acompanhar e como o vi no primeiro trabalho fica-se sempre interessado em ver a continuação da árvore.

Cumprimentos
Rodrigo

João Pires disse...

Olá Rodrigo,
Obrigado pelo comentário ;)

De facto, a evolução da primeira para a segunda intervenção não se limita só às coníferas. Mas são processos um pouco diferentes e por isso, muitas vezes, a diferença entre intervenções é mais difícil de percepcionar... até parece que não aconteceu nada... lol. Mas de facto aconteceu muita coisa que nem sempre a reportagem fotográfica consegue apanhar. Bom, fica a intenção de mostrar mais operações com folhosas ;)
Abr.
João Pires