Este crataegus já está a ser trabalhado por mim há mais ou menos 2 anos (é só clicar na etiqueta espinheiro para ler mais para trás). Foi um dos primeiros yamadori que adquiri. Na altura, como qualquer iniciado, fiquei bastante impressionado com o ar "selvagem" do exemplar. O tamanho, a casca e até mesmo a espécie (penso que na altura nunca tinha visto nenhum assim ao vivo...heheh). Mas, não dei a devida importância à característica mais dominante do exemplar: o tronco recto. Sem resolver esse "pequeno pormenor" dificilmente se conseguiria chegar a algum lado. Durante esses 2 anos a árvore esteve basicamente a crescer, com pequenas intervenções, mas principalmente a crescer. Foi o tempo de ganhar vigor e engrossar os ramos. E isso, permitiu-me neste inverno dar o "grande passo" na sua estilização. Decidir, de uma vez por todas, "para onde é que a árvore vai". Por isso, depois de cair a folha (nos espinheiros, trabalhar sem a folha é um pouco mais fácil... a sessão de acupunctura é mais suave...lol) foi altura de deitar mãos à obra.
Nada como começar a tentar resolver o seu maior defeito. O tronco recto. Nos crataegus, como na maioria das caducas, a madeira tem tendência a apodrecer, por isso, nada de jin e shari. A opção foi começar a abrir o interior do tronco, um sabamiki. Com esta operação tenta-se dar algum movimento e conicidade. Depois, mais 2 pequenos uru, aproveitando velhas cicatrizes mal fechadas do tempo da recolha. Visualmente cria-se a ilusão de profundidade e pormenor. Os olhos têm mais "coisas para comer" do que um simples tronco recto. Este trabalho de madeira morta está longe de estar terminado. para já foi só feita a primeira modulação. No futuro, o tronco será ainda mais escavado e alguns detalhes serão acrescentados.
Com o desenho da madeira morta "lançado", uma nova árvore começou a nascer. Os espinheiros na natureza, apesar de caducas, não são muito de "copa redonda". São mais "arbustivos", mais "um ramo aqui outro ali"...lol. Por isso o novo desenho é também ele mais "quebrado". O tronco sai para a esquerda, encontra o primeiro ramo também sobre a esquerda e depois, todo o conjunto se lança sobre a direita. É também uma árvore mais alta, com o ápice mais lançado para cima. Claro que agora falta voltar a encher e ramificar, principalmente na profundidade e no topo. Mas temos tempo;)
Foto: Janeiro de 2011 (nova estilização)
Foto: Janeiro de 2011 (antes da estilização)