Este não será um daqueles post's "Nada numa manga... nada na outra... charammm!" LOL. Antes pelo contrário, corre até o risco de se tornar um pouco técnico e aborrecido (peço desculpa), mas como tinha a máquina fotográfica por perto, lembrei-me de fazer a reportagem;)
Este pequeno Sylvestris foi-me oferecido por um bom amigo, o Márcio Meruje. É aquilo a que muitos chamam com carinho "material para ir brincando"... comparado com uns quantos exemplares que estão na Covilhã este, de facto, não é nada que "tire a respiração a ninguém"... hehehe... Mas é um pequeno pinheiro de yamadori e com algum jeito e muita sorte, pode ser que dê alguma coisa no futuro. Já está aqui no jardim há uns tempos. Esta é a sua segunda época de crescimento aqui em Lisboa.
No inicio da Primavera foi transplantado para um vaso de treino maior que o original. O substracto usado é muito à base de areão e alguns elementos que retêm a água (pode ser akadama... pode ser turfa...). Na verdade esta combinação não é muito diferente daquilo que encontra no chão dos pinhais a que se costuma chamar saibro. O areão, para além de muito drenante, tem a propriedade de aquecer e reter o calor quando exposto ao sol, mantendo os vasos quentes, coisa que os pinheiros parecem gostar. É uma combinação que vi ser usada no Japão e decidi experimentar este ano com alguns pinheiros. Até agora, com bons resultados como se pode ver pelo exemplar aqui apresentado.
Mas é por baixo dos 40cm de altura de folhagem que está o melhor desta árvore. Vamos então olhar para as melhores características, analisar os resultados de algum trabalho feito até aqui e planear o futuro.
Depois, o movimento do próprio tronco. Num curto espaço vira e revira em várias direcções. Depois temos os ramos longos e tubulares, tão comuns nos sylvestris recolhidos mas tão pouco interessantes.
E aqui, podemos fazer uma de duas coisas.
Trabalhar com o que temos. Aramar, pôr ráfia, umas guias, fazer algum "spagueti" e tentar construir a partir daí. Desde que as proporções do conjunto sejam equilibradas é uma boa solução.
Ou então, como aconteceu neste caso, tentar "trazer tudo para traz" e recomeçar a árvore na tal parte interessante. Isso pode ser feito com enxertos ou, como foi o caso, fazendo um bom trabalho de velas para provocar "back buding".
E esse foi o trabalho feito no ano passado. Já este ano, os resultados apareceram. Uma grande quantidade de novos rebentos, alguns junto ao tronco.
Este tipo de resultados, especialmente num pinheiro, conseguem-se mais facilmente trabalhando com uma árvore vigorosa e por etapas. Se aramamos e fazemos jin's, tentando logo um primeiro desenho, é menos provável conseguir um bom "back buding". Se não precisamos dele, então está tudo bem... mas se precisamos, vai ser mais difícil... mesmo com "mekiri's" e outras técnicas usadas para o efeito.
Por isso, e também por causa do transplante, a árvore esteve a crescer livremente durante esta época. Até agora foi sendo observada até mostrar os sinais de que estava outra vez a crescer com vigor.
O primeiro sinal foi a rebentação vigorosa e uniforme por toda a árvore. As novas velas alongaram até ao Verão entre 4 e 5 cm.
Para confirmar, em Junho, foi cortada uma das novas velas pela base. Em Agosto, já se podem ver bem os novos botões a inchar. Tudo está normal, a árvore está a responder como é suposto. Por isso e se fizer sentido no plano, já podemos passar a uma nova etapa.
O fim do Verão é uma excelente altura para fazer selecção de rebentos nos pinheiros. Á partida, já não haverá mais rebentação (a não ser que seja provocada) e por isso, já podemos escolher aquela com que queremos trabalhar. Claro que se quisermos trabalhar com toda, esta operação não faz sentido e por isso não se faz. Esta selecção de rebentação é feita de formas diferentes conforme os objectivos. Neste caso, o que queremos é dar mais oportunidade de crescimento aos novos rebentos resultantes do "back buding". Mais energia e mais luz. Por isso, retiramos a rebentação mais forte nas pontas. Aqui, o bom senso deve ser utilizado ;) Não é para tirar tudo e deixar só uns "pobres botões". De facto, no futuro os novos ramos vão crescer desses botões mais no centro, mas se deixarmos só esses desequilibramos o sistema energético da árvore... o que pode ser uma grande asneira :(
Nesta etapa, também já são escolhidos os ramos que queremos para trabalhar. O primeiro, que saí na curva e dá o "balanço" à árvore. E o que fará a continuação do tronco de onde vão surgir todos os outros. Fica também o mais forte como "ramo de sacrifício" para não tirar energia a mais à árvore. No futuro próximo vai crescer e fazer engrossar a base e lá mais à frente, quando fizer sentido, será cortado.
Por fim, os dois ramos que ficam, são aramados quase "informalmente" para as posições, tentando que os rebentos apanhem todos luz e que cresçam mais ou menos na direcção certa. Nada de aramação fina... nesta fase é desnecessário e até perigoso para os jovens botões.
Mais á frente, como já foi dito, a árvore será feita com toda aquela rebentação mais central.
E por agora este pequeno moyogi vai descansar e crescer até ser altura de voltar a ser trabalhado.
Para o ano há mais... OK? ;)