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26.8.11

Pine Planning

Este não será um daqueles post's "Nada numa manga... nada na outra... charammm!" LOL. Antes pelo contrário, corre até o risco de se tornar um pouco técnico e aborrecido (peço desculpa), mas como tinha a máquina fotográfica por perto, lembrei-me de fazer a reportagem;) 
Este pequeno Sylvestris foi-me oferecido por um bom amigo, o Márcio Meruje. É aquilo a que muitos chamam com carinho "material para ir brincando"... comparado com uns quantos exemplares que estão na Covilhã este, de facto, não é nada que "tire a respiração a ninguém"... hehehe... Mas é um pequeno pinheiro de yamadori e com algum jeito e muita sorte, pode ser que dê alguma coisa no futuro. Já está aqui no jardim há uns tempos. Esta é a sua segunda época de crescimento aqui em Lisboa.
No inicio da Primavera foi transplantado para um vaso de treino maior que o original. O substracto usado é muito à base de areão e alguns elementos que retêm a água (pode ser akadama... pode ser turfa...). Na verdade esta combinação não é muito diferente daquilo que encontra no chão dos pinhais a que se costuma chamar saibro. O areão, para além de muito drenante,  tem a propriedade de aquecer e reter o calor quando exposto ao sol, mantendo os vasos quentes, coisa que os pinheiros parecem gostar. É uma combinação que vi ser usada no Japão e decidi experimentar este ano com alguns pinheiros. Até agora, com bons resultados como se pode ver pelo exemplar aqui apresentado.
Mas é por baixo dos 40cm de altura de folhagem que está o melhor desta árvore. Vamos então olhar para  as melhores características, analisar os resultados de algum trabalho feito até aqui e planear o futuro.


Espreitando por baixo dos ramos, encontramos o pequeno tronco de 3,5cm de grossura. É claro que ainda terá muito que alargar mas, apesar de pequeno, uma das primeiras coisas que salta á vista é a casca que já começa a apresentar, sinal de que não é uma árvore assim tão jovem como aparenta. Talvez os elementos e o local onde estava antes de ser recolhida a tenham feito "crescer curta"... enfim, mas temos sinais de uma boa casca e isso num pinheiro é sempre bom.


Depois, o movimento do próprio tronco. Num curto espaço vira e revira em várias direcções. Depois temos os ramos longos e tubulares, tão comuns nos sylvestris recolhidos mas tão pouco interessantes.


E aqui, podemos fazer uma de duas coisas.
Trabalhar com o que temos. Aramar, pôr ráfia, umas guias, fazer algum "spagueti" e tentar construir a partir daí. Desde que as proporções do conjunto sejam equilibradas é uma boa solução.
Ou então, como aconteceu neste caso, tentar "trazer tudo para traz" e recomeçar a árvore na tal parte interessante. Isso pode ser feito com enxertos ou, como foi o caso, fazendo um bom trabalho de velas para provocar "back buding".
E esse foi o trabalho feito no ano passado.  Já este ano, os resultados apareceram. Uma grande quantidade de novos rebentos, alguns junto ao tronco.



Este tipo de resultados, especialmente num pinheiro, conseguem-se mais facilmente trabalhando com uma árvore vigorosa e por etapas. Se aramamos e fazemos jin's, tentando logo um primeiro desenho, é menos provável conseguir um bom "back buding". Se não precisamos dele, então está tudo bem... mas se precisamos, vai ser mais difícil... mesmo com "mekiri's" e outras técnicas usadas para o efeito.
Por isso, e também por causa do transplante, a árvore esteve a crescer livremente durante esta época. Até agora foi sendo observada até mostrar os sinais de que estava outra vez a crescer com vigor.
O primeiro sinal foi a rebentação vigorosa e uniforme por toda a árvore. As novas velas alongaram até ao Verão entre 4 e 5 cm.


Para confirmar, em Junho, foi cortada uma das novas velas pela base. Em Agosto, já se podem ver bem os novos botões a inchar. Tudo está normal, a árvore está a responder como é suposto. Por isso e se fizer sentido no plano, já podemos passar a uma nova etapa.


O fim do Verão é uma excelente altura para fazer selecção de rebentos nos pinheiros. Á partida, já não haverá mais rebentação (a não ser que seja provocada) e por isso, já podemos escolher aquela com que queremos trabalhar. Claro que se quisermos trabalhar com toda, esta operação não faz sentido e por isso não se faz. Esta selecção de rebentação é feita de formas diferentes conforme os objectivos. Neste caso, o que queremos é dar mais oportunidade de crescimento aos novos rebentos resultantes do "back buding". Mais energia e mais luz. Por isso, retiramos a rebentação mais forte nas pontas. Aqui, o bom senso deve ser utilizado ;) Não é para tirar tudo e deixar só uns "pobres botões". De facto, no futuro os novos ramos vão crescer desses botões mais no centro, mas se deixarmos só esses desequilibramos o sistema energético da árvore... o que pode ser uma grande asneira :(
Nesta etapa, também já são escolhidos os ramos que queremos para trabalhar. O primeiro, que saí na curva e dá o "balanço" à árvore. E o que fará a continuação do tronco de onde vão surgir todos os outros. Fica também o mais forte como "ramo de sacrifício" para não tirar energia a mais à árvore. No futuro próximo vai crescer e fazer engrossar a base e lá mais à frente, quando fizer sentido, será cortado.


Por fim, os dois ramos que ficam, são aramados quase "informalmente" para as posições, tentando que os rebentos apanhem todos luz e que cresçam mais ou menos na direcção certa. Nada de aramação fina...  nesta fase é desnecessário e até perigoso para os jovens botões.
Mais á frente, como já foi dito, a árvore será feita com toda aquela rebentação mais central.


E por agora este pequeno moyogi vai descansar e crescer até ser altura de voltar a ser trabalhado.
Para o ano há mais... OK? ;)

5 comentários:

AM disse...

Felicitaciones desde Madrid!

disculpar por escribirte en castellano pero no se portugues...

un saludo
Alex

Márcio Meruje disse...

A isto chama-se saber trabalhar com o tempo, e com o que temos ! ;)

É bom saber que mais uma árvore está cheia de vigor pela capital e que a sua recuperação foi bem sucedida !

Muito me agrada ver árvores que me passaram pelas mãos terem o maior "carinho" e "atenção" pelos seus novos donos ! ;)

... E quando nos encontramos ?

grande abraço, e continuação.

Gostei !!!

João Pires disse...

Olá Alex,
Beinvenido ;) Gracias por las palabras!
Bem, eu também não sei escrever bem em castelhano... mas fico feliz por teres escrito.
Um cumprimento de Lisboa;)
Saludos:)
João

Márcio,
É verdade, vamos trabalhando com o que temos e o melhor possível...hehehe. Nada comparado com os bons exemplares que tens aí na Covilhã... mas pronto, talvez um destes dias te faça um "assalto" LOL
Abr.
João

Mário Eusébio disse...

Viva João!

Idem idem aspas aspas :)

Trabalho muito bem planeado!!!

Abraço

Mário Eusébio

João Pires disse...

Olá Mário,
Obrigado pelas palavras ;)
Aproveito para voltar a agradecer a excelente recepção que nos deste, a mim e ao David, no teu espaço. 5 estrelas!

Abr.
João