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22.8.10

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Pois bem, hoje como estou mais descansado, voltou a vontade de escrever. Por isso, este post será uma espécie de 2 em 1. Três dias de uma acentada para recuperar o tempo perdido. Escusado será dizer, que isto não foi tudo o que fiz... foi o que se foi fazendo entre a rega, pelo menos 1 hora 3 vezes por dia, ou outras coisas também pouco cansativas como por pedras de adubo em 300 árvores de seguida... ;) Ah... e as tarefas de limpeza, não esquecer, claro... lol

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Depois de voltas e mais voltas com os shimpaku. Mudámos de prato. E este é servido em tabuleiros de 10 unidades. Passámos então para os Goyomatsu shohin (pinheiro branco). Em dois dias, fui buscar pelo menos uns 5 ou 6 tabuleiros desta iguaria. “Bring another box” diz Oyocata.
São árvores muito pequenas, por isso trabalham-se no colo segurando o vaso entre os joelhos.
De principio, como tarefa foi desaramar. Como já contei e aqui fica uma imagem, as coníferas aqui estão quase sempre aramadas e com o arame a deixar marca.
Depois passámos para a limpeza de agulhas. Estava eu cheio de cuidado, com uma pinça (já para não usar a tesoura...) a retirar cada conjunto de agulhas sempre preocupado com não danificar os novos rebentos, e Oyocata fez mais uma das suas. “O que é que estás a fazer?... Trás cá a árvore!” Pronto lá estava eu a perder tempo... com tanto tabuleiro para a fazer... Pegou no pinheiro, meteu as mãos lá dentro.... e parecia uma debulhadora... hehehe... “You can do this with your eyes closed” e ele estava mesmo a fazer de olhos fechados!
Explicou-me a técnica, e algumas dezenas de goyo’s depois, não se consigo de olhos fechados, mas já é quase em piloto automático. A certa altura já havia pinheiros por todo o lado.
Agora arama este. E aqui é que a coisa começou a complicar. É que estas árvores pequeninas são muito mais difíceis. Está tudo à vista. Num shimpaku maior, um arame a mais ou menos bem colocado... um patamar ligeiramente mais cheio... quase nem se nota. Mas aqui, não há volta a dar. Por isso é correcção atrás de correcção. Este arame... esta colocação, este botão... aqui é que é mesmo difícil.
Aqui ficam alguns exemplos:
Estes shohin levam cerca de 11 anos para chegar até aqui. Mas não é por não crescerem mais, se fossem shuhin levariam o mesmo tempo. Mas, neste caso foram feitos, de semente , para este tamanho.

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E o terceiro dia acordou assim meio encoberto. Oyocata chamou-nos. Vamos beber um café e conversar um bocado. São os últimos dias do Jarek . Depois do café, disse: “O Jarek continua o que está a fazer, e tu vens comigo. Hoje está bom para fazer transplantes”.
Pronto! Aqui, os mais susceptíveis param de ler e passam directamente para os comentários ou voltam no próximo post. Bem sei que estamos em pleno Agosto, mas relembro a nota importante que deixei no segundo capitulo desta viagem. Isto aqui no Japão é diferente. Esta reportagem não é um certificado para se poder fazer o mesmo em outra partes do mundo. Como Portugal. Por exemplo. Dito isto voltemos à história.
Primeiro os vasos. “Bring a box”... Já me começo a habituar a trabalhar “à palete”... lol. Foi muito divertido. Em Taisho-en, há vasos por todo lado. Em prateleiras, debaixo das bancadas, no chão atrás de uma estufa. Ainda por cima, a maioria são Tokoname. De todos os tamanhos, cores e feitios. Foi quase como uma caça ao tesouro, ou melhor, ao vaso. Este sim, este não, estes leva seis... enfim, tabuleiro cheio, e passámos para a zona de transplantes.
Aqui, podemos encontrar a famosa máquina se crivar (ou peneirar, se preferirem) os substratos.
Existem muitas caixas de calibres diferente. Para se ter uma ideia, um saco de akadama fina daqueles que todos conhecem, dá pelo menos 3 calibres diferentes.
Feita a mistura, passamos à acção. “Vai buscar aqueles shimpaku todos que estivemos a trabalhar estes dias.”
Depois, o transplante foi o normal. Retirar o substrato (aqui como as árvores estão em bom solo este “salta” com muita facilidade), poda de raízes para o novo vaso, prender, por substrato novo, e regar e já está. Em 2 horas, entre os dois foram umas 12 árvores. Oyokata, escusado será dizer, faz isto com muita facilidade e rapidez. Aqui fica a imagem da “primeira fornada”.
Perto das 11h parámos. “Agora já está quente demais” disse Oyokata. “Guarda os goiyos”... Se não eram mais uns 20 pinheiros. Vão ter que esperar. Quem sabe amanhã, se o dia voltar a acordar nublado, estes shohin possam ir para a sua nova casa.

5 comentários:

Pedro Nascimento disse...

viva João,isso ai não pára e é sempre "grandes fornadas",umas atrás das outras,lol
deves estar a adorar essas tuas "ferias"por mais trabalho que tenhas por ai :-)
obrigado pela partilha que nós por cá continuaremos a acompanhar,deliciados ;-)
grande abraço...

Pedro G C Almeida disse...

Olá João!

A vida é dura em Taisho-en, mas se não fosse assim não teria tanta piada. :)

Quando se pega nos caixotes dos goyomatsu é que se percebe que há muitos mais nas estantes do que pensamos. É engraçado pensar que este material bastante modesto (nos padrões de Taisho-en) tem a capacidade de ensinar tanto.

Uma vez mais, obrigado pela partilha!

Um abraço,
Pedro

Anónimo disse...

Do Algarve para o Japao um grande ola :)
Embora com as nossas limitacoes tecnicas,
temos acompanhado dia a dia o teu
trabalho e as belissimas arvores
que ai existem.
Beijos e abracos, continuacao de bom trabalho
Dulce, Fernando,Vasco e Simao

João Pires disse...

Olá Amigos,
Agora já a meio do tempo de estadia, a coisa já vai sendo mais "normal"... uma parte já é em piloto automático.

Família,
Obrigado pela visita e comentários!
Estou cheio de saudades de casa.

Bjs e Abr
João

Rui Marques disse...

Viva João,
De facto, a estadia no Japão foi suberba.
Gostava de saber quais foram os constituintes na mistura de solo.

Abraço,
Rui Marques